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segunda-feira, 3 de maio de 2010

um pouco sobre eletrocirurgia...

O conhecimento das leis físicas e dos mecanismos de funcionamento da eletrocirurgia são de grande importância para o cirurgião. Lesões por eletrocirurgia em laparoscopia têm sido observadas, e estão associadas ao uso do eletrodo monopolar, com freqüência de 1 a 2 lesões a cada 1000 procedimentos.Com relação ao desenvolvimento de lesão, existem vários fatores que influenciam: densidade da corrente; o tipo de onda e de coagulação usadas, com suas respectivas voltagens; as condições de isolamento dos dispositivos; a ocorrência do fenômeno de capacitância; e os riscos oferecidos pelo uso em pacientes com marcapasso. No sistema bipolar, a densidade de corrente encontrada ao redor de seus eletrodos é bem menor, levando a menos lesões e, ainda, elimina vários dos outros mecanismos lesivos, como a placa de retorno e os citados acima. Vários estudos demonstram, em colecistectomias, apendicectomias, polipectomias e outros, que o índice de complicações com o eletrodo bipolar é significativamente menor.

A eletrocirurgia e o uso de eletrocautérios são entidades distintas. Nos eletrocautérios, a corrente elétrica é utilizada para aquecer o filamento que se encontra na ponta do cautério. A corrente elétrica volta pela mesma via, não passando, então, pelo paciente. O calor é transmitido diretamente para o tecido, a fim de se obter os efeitos terapêuticos. Na eletrocirurgia, a corrente elétrica é produzida por um gerador, chega no corpo do paciente por um eletrodo ativo, agindo nos tecidos-alvo, e sai através do eletrodo neutro. Esta corrente elétrica, ao encontrar a resistência do tecido humano, é transformada em calor. O calor produzido determina os efeitos terapêuticos, seja de corte ou coagulação. A ponta do eletrodo ativo não sofre aquecimento. Quando o eletrodo neutro está distante do eletrodo ativo, sob a forma de uma placa, temos o sistema monopolar. No sistema bipolar, o eletrodo positivo e o eletrodo neutro estão separados por uma pequena distância, limitando o fluxo da corrente elétrica.

A eletrocirurgia, ou diatermia, tem sido largamente utilizada em procedimentos cirúrgicos, com sucesso. A corrente elétrica porém, é regida por um complexo conjunto de leis físicas, as quais determinam o caminho por onde a corrente vai seguir, que pode ser indesejado e lesivo. Em cirurgias abertas, o cirurgião tem uma ótima visualização do dispositivo que transmite a corrente elétrica para o corpo, assim como dos tecidos humanos em questão, o que não acontece plenamente na cirurgia laparoscópica. São relatadas lesões abdominais importantes em cirurgia videolaparoscópica, ainda mais quando são usados certos recursos, como eletrocoagulação, por exemplo. A incidência de tais lesões gira em torno de um a dois casos em mil cirurgias, quando o sistema monopolar é utilizado52.Podem ser queimaduras intestinais, até mesmo transmurais, que se manifestam geralmente de 3 a 7 dias após a cirurgia, mas as causas são especulativas, então o diagnóstico é tardio. Os prováveis mecanismos etiológicos dessas lesões são, portanto, a ligação direta, a ligação por efeito de capacitância, e defeitos de isolamento, todas envolvendo o desvio de corrente elétrica de seu circuito. O sistema bipolar virtualmente elimina tais mecanismos. A energia elétrica proporcionada pelo eletrodo bipolar produz, comprovadamente, lesões térmicas mais superficiais e mais localizadas que o eletrodo monopolar.12,13,15,32,55 Tal característica pode ser fundamental na utilização da eletrocirurgia em vários tipos de procedimentos, como aqueles realizados em estruturas ocas ou próximo a estruturas delicadas e nobres.

Eletrocirurgia: sistemas mono e bipolar em cirurgia videolaparoscópica 1